Liberdade e Responsabilidade

Com a morte da cantora inglesa Amy Jade Winehouse, no dia 23 de julho de 2011, com apenas 27 anos de idade, voltamos a pensar no principio da liberdade. Ouvi o pai de Amy, declarar em uma entrevista aos repórteres da Rede Globo, que sabia que a filha fumava maconha desde sua adolescência, mas que jamais pensou que ela acabaria assim. A bíblia diz que “Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte.” (Pv 14.12). Se uma pessoa pensa que tem a liberdade de escolher o caminho que deseja seguir, deveria também escolher o destino desse caminho. Afinal de contas, estamos falando de liberdade. Se há liberdade para escolher o inicio da história, deveria haver também a liberdade de escolher o fim da história. Na realidade, a vida não é assim. Se há liberdade, há também a responsabilidade. Cada um de nós tem que responder pelas escolhas que faz nesta vida, e arcar com suas conseqüências.
O apóstolo Paulo nos orienta a lidar com a liberdade em I Cor 6.12-20. Neste texto ele diz: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas.” Ao dizer que todas as coisas nos são lícitas, ele está afirmando que tudo nos é permitido. Estamos livres para escolher os caminhos que desejamos tomar. Porém ele adverte – “nem todas convém”. Para entendermos claramente o que Paulo está dizendo vamos ler o que o rei Salomão escreveu a respeito – “Alegra-te, jovem, na tua juventude, e recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade; anda pelos caminhos que satisfazem ao teu coração e agradam aos teus olhos; sabe, porém, que de todas estas coisas Deus te pedirá contas.” (Ec 11.9). Salomão está ensinando aos jovens, que eles tem liberdade para decidir a forma como querem viver. Porém, ele acrescenta: “sabe, porém, que de todas estas coisas Deus te pedirá contas.” Salomão está falando de responsabilidade. Dar contas das ações praticadas. Responder pelos próprios atos é ser responsável.
Ao tomar uma decisão, devemos pensar nas conseqüências. É isso que o apóstolo Paulo está querendo dizer com a expressão “nem todas convém”. Ele está dizendo que nem tudo é bom para você, nem tudo acabará bem. O pai de Amy disse que quando via a filha fumar maconha e beber socialmente, jamais pensou que a filha se tornaria uma viciada e morreria por causa disso. No mesmo texto de I Cor 12.1, Paulo também diz: “Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas.” Na bíblia, versão linguagem de hoje o mesmo texto diz: “Eu poderia dizer: “Posso fazer qualquer coisa.” Mas não vou deixar que nada me escravize.”
A suposta liberdade que muitos pensam usar na hora de fazer suas escolhas, é a mesma causa de sua escravidão. Quantas pessoas disseram um dia, vou beber apenas socialmente e hoje tornaram-se alcoólatras. Quantas pessoas, disseram, vou apenas dar um trago nesta erva e hoje são viciadas irrecuperáveis.
Quando alguém bebe bebidas alcólicas e assume a direção do seu carro para voltar para casa, embora não tenha a intenção de atropelar ninguém, está assumindo o risco. Por isso, deve sempre haver responsabilidade.
A liberdade verdadeira existe quando não existe egoísmo. Quando as demais pessoas são consideradas e não esquecidas. Em 2 Cor 10.24, ainda falando de liberdade, Paulo diz: “Ninguém busque o seu próprio interesse, e sim o de outrem.” Ele está dizendo que pode fazer qualquer coisa, desde que sua decisão não prejudique, não ameace e não ponha em perigo a vida dos outros.
O Senhor Jesus nos ensina: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” (Jo 8.36). O mandamento de Jesus é o amor. O amor a Deus e o amor ao próximo. Jesus nos liberta para o amor. Essa é a essência da liberdade. A liberdade que é responsável. Pois o amor é responsável. O amor, diz Paulo em I Cor 13, “não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”
Quando alguém usa da liberdade sem responsabilidade, está exercendo esta liberdade com egoísmo, pois está pensando apenas em si, na sua vontade e no seu prazer pessoal. Onde está o amor? Não existe amor na sua decisão e se não existe amor nesta decisão, a liberdade é falsa. Porque liberdade verdadeira, como Jesus ensinou, é uma liberdade que faz bem a todos. É uma liberdade que gera alegria e paz para todos.
Portanto, quero pontuar alguns conselhos de Paulo, que servem a todos nós como critérios para o exercício da liberdade. Em cada decisão que você for tomar na vida, avalie antes:
1º. Se convém – Se será bom para você e bom para todos. Porque a liberdade que interfere e prejudica a liberdade do outro, não é verdadeira.
2º. Se é edificante – Se é útil, se é proveitoso. Se vai construir ou destruir. Se vai beneficiar ou prejudicar.
3º. Se é libertadora ou não. Porque tomar uma decisão que vai resultar em escravidão, é contra-senso. É contrário à lógica e contra razão.
3º. Se glorifica a Deus – Paulo também diz: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.” Em relação a Deus é preciso compreender que, a liberdade é uma dádiva de Deus e não deve ser usada contra Deus, para ofendê-lo, para afrontá-lo. E também não podemos nos esquecer que, de tudo daremos contas a Ele. Por isso, o melhor a se fazer com a liberdade que temos, é usá-la para agradar a Deus.
O mundo de hoje confunde liberdade com libertinagem, com permissividade. A liberdade verdadeira só existe dentro dos limites do amor. Talvez você diga, se há limites então não há liberdade. E eu respondo. Para o amor não há limites. Porque o amor sempre nos conduzirá ao sacrifício de nós mesmos em favor dos outros. Essa qualidade de liberdade que sacrifica os outros em beneficio próprio, não pode ser considerada liberdade. A liberdade quando exercitada com a responsabilidade do amor, jamais trará prejuízos para a própria pessoa e para os demais.
Amy Jade Winehouse, morreu prematuramente, por fazer uso errado da liberdade que tinha. Que isso não aconteça com nenhum de nós.

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